quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

AA: Minha 1ª Paixão.

Foi aos 8 anos de idade que descobri o que era ter sentimentos além dos que temos pelos nossos pais, familiares em geral, amizades e bichos de estimação.
Aos 8 anos fui forçada a trocar de escola, a qual eu estudei desde o C.A. Fui parar numa escola em que tive muitos conflitos íntimos e sociais.
Eu tinha meus amigos! Meus amigos da antiga escola. Cheguei nesta nova como uma total "intrusa". Invadi o espaço daquelas crianças que se conheciam desde o prézinho e derrepente se viram diante de uma total desconhecida, e pra pior com aparência no estilo "Beth A Feia".
Bem, o ano foi passando, sempre com dificuldades de ingressar num grupo, pois todos já estavam formados, e eu ali, dependendo da boa ação de um coleguinha pra me convidar para seu grupo. E isso era muito raro. Na maioria das vezes eu fazia os trabalhos individualmente.
Tinha um menino lindo que sempre me olhava. Tentava chegar perto de mim, porém as menininhas logo percebiam algo de "impermissível" e logo tiravam ele, ou me tiravam, da reta.
Arrumavam confusões, brigas no pátio e na quadra de esportes. Tudo para me afastarem dele. Mas a última briga que teve foi fatal. Sem querer empurraram o menino e ele, sem querer, caiu em cima de mim. Fomos, os dois, parar no chão.
Ele, educadamente, após levantar-se, estendeu a mão para mim e perguntou se eu estava bem e se tinha me machucado. Minha resposta foi, puta da vida com os provocadores da briga, dois não's fortes e chorosos, com lágrimas. Corri para o banheiro e fiquei lá, chorando, com vergonha, não querendo nunca mais voltar pra escola.
Os dias foram se passando, e eu cada vez mais com raiva da escola. E o menino cada vez mais tentando se aproximar de mim, e eu com medo, afastava o menino com palavras grossas.
Comecei a perceber que minha mãe e o responsável dele, sempre nos esqueciam na escola. Ficávamos ali no muro esperando nossos pais por quase 1 hora. As vezes fazíamos um trio com mais outra criança. E brincávamos de amarelinha pra passar o tempo.
Teve um dia em que a professora pediu para que formássemos duplas para ler um livrinho e depois fazermos uma redação sobre o que entendemos sobre ele. As meninas correram pra tentar fazer dupla com ele, e eu sentada lá no final da sala, sozinha, sem uma dupla. Ninguém queria fazer o trabalho comigo. Ele olhou para trás e me viu lá, quietinha, olhando pra janela, depois olhando pra todos na esperança de alguém me chamar. Ele imediatamente levantou-se e foi lá pra trás. Sentou-se do meu lado e perguntou se eu queria fazer o trabalho com ele. E adivinha o que eu fiz! Eu disse não bem grosso e virei a cara pro outro lado... Uma besta, mesmo.
Outro dia estava entrando correndo na escola, pois eu estava super atrasada, tropecei num ferro que atravessava o chão. O ferro era do portão de correr. Fui parar há alguns metros, de cara no chão. Ele, o menino, conscidentemente, também chegou atrasado, e viu toda a cena. Eu, morrendo de vergonha, parei de olhar pra ele e fiquei olhando pro chão chorando. Ele parou, estendeu as mãos novamente e me ajudou a levantar. Me acompanhou até o banco mais próximo e perguntou se eu estava bem. E eu fiquei calada. Era óbvio que eu não estava. Minha sorte era que minha mãe tinha acabado de me deixar na porta da escola, e lá na frente sempre tinha trânsito. Ou seja, ela viu a hora em que caí. Imediatamente estacionou o carro e foi me buscar. Este dia acabei voltando para casa...
Últimos dias de aula. Resolvi me aproximar da turma, ser menos bicho do mato. Fiquei no mesmo pátio que minha turma estava. Todos brincavam de amarelinha. Mas eu não me atrevi a brincar com eles. Fiquei sentadinha ali perto, só prestando atenção neles. Ele me viu ali e ficou jogando sorrisos ao vento pra mim, sempre me olhando por de trás de alguém e sorrindo pra mim. Até que ele veio, sentou do meu lado e me chamou pra ir brincar com eles. Eu fui. Quando ele me anunciou pra turma que eu iria entrar na brincadeira, a turma, quase que em peso, gritou um "NÃO" quase que em coral. Diziam que "entrusas" não brincavam com eles.
Meus olhos encheram de lágrimas e voltei a sentar na escada e ficar olhando a brincadeira.
Ele visivelmente ficou chateado com a turma e foi sentar do meu lado. Disse que se eu não fosse brincar que ele também não iria mais brincar. (Se tivesse um buraco perto de mim eu entraria nele de tanta timidez que me bateu, rs) As meninas começaram a gritar pelo nome dele para que ele voltasse pra roda pra brincar e ele disse que não. E ali ficamos... até o final do recreio, sentados um ao lado do outro, sem trocar uma palavra, apenas sentindo a presença um do outro. Eu me sentindo protegida por ele, e ele me protegendo, de fato.
Depois disso o ano acabou. Implorei pra minha mãe me tirar daquela escola e me colocar na anterior. Ela quis saber o porque e eu não conseguia contar pra ela, tinha medo, porque ela sempre dizia que eu tinha que respeitar meus amigos e nunca brigar, mas que se brigassem comigo eu tinha que me defender. Mas... eu tinha medo de me defender contra uma turma INTEIRA. E nunca contei isso pra ela, dos meus traumas. Mas, pelo ao menos, ela me tirou de lá, porém não me colocou novamente na escola de outrora. Mas senti-me confiante, conquistei amigos, eraa a chefe da turma, a lider, com as melhores notas e amiga de todos. Pena que entrei no último ano da escola. Ela funcionava até a 4ª série. Fiz a 4ª e tive que trocar de escola novamente. Mas desta vez implorei pra voltar pra 1ª escola.
Conclusão: Minha paquerinha do início da história nunca mais vi. Saí de lá sem dar ao menos um beijinho, rs. Anos se passaram. Modernizaram a vida da gente. Internet difundiu-se nos lares, sites de relacionamento e afins foram criados. Inventaram o tal do orkut e eu, claro, viciada em internet, fiz.
Procurei várias amizades, e lógico, não poderia deixar de procurar aquele menino. Bem, depois de muitos meses procurando aleatoriamente, pois não sabia o sobrenome dele, encontrei-o na comunidade da escola, num tópico em que tínhamos que dizer em que ano estudamos, a turma e nome da professora. Foi nessa que achei ele. Na ápoca ele devia ter seus 24 anos. Era recém formado em Engenharia de alguma coisa. E a propósito, continuava lindo como antes. Moreno, pernas grossas, cabelo lisinho e pretinho, troncudinho, malhadinho, sorriso lindo, porém não mais com o hábito de morder os beiços como antigamente. Ele me aceitou como amiga e fiquei hiper feliz, mas trocamos poucas conversas. Ele não lembrava de mim. Algo que já era bem provável. Mas me aceitou mesmo assim e disse que aquele hábito que tinha já era passado, e achou graça d'eu ter me lembrado disso. Como ele tinha namorada, preferi nem aprofundar muito no papo. E depois disso ele viajou, conseguiu emprego em Chicago, publicou algumas fotos dele lá nos States. Mas depois deletou o orkut.
O nome dele? Tá bom, vou dizer. O nome dele é Fabiano. Meu primeiro "amor".
E fim.

obs.: Acho que esse período da minha vida explica muito sobre minha forma de ser e de reagir, hoje em dia. Em relação as amizades, aos amores, as ofensas, aos meus medos, erros e acertos, enfim.

Um comentário:

Madamefala disse...

Nem sempre as histórias de amor terminam com " felizes para sempre"...mas nem por isso deixam de ser sobre amor.
Brigada pela visita, pelo elogio, volte sempre.

beijos.